A luta pela igualdade de gênero se fortalece dia após dia. Porém,
apesar das conquistas serem grandes e a luta das mulheres ser
responsável pela diminuição da desigualdade e violência contra a mulher,
alguns pontos ainda merecem atenção por parte dos órgãos públicos. Na Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência,
chamamos a atenção para que a família, o Estado e a sociedade em geral
possam se mobilizar para garantir, conforme previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente, os direitos de adolescentes também quando
ocorre uma gravidez.
De acordo com a publicação, realizada em parceria com a Unicef, UNFPA e Indica, Gravidez na Adolescência no Brasil – Vozes de Meninas e de Especialistas,
existem dois posicionamentos encontrados na literatura o tema: um
concebe a gravidez na adolescência como problema social e o outro como
um fenômeno social. O primeiro, embora reconheça os fatores múltiplos
das causas, foca nas vulnerabilidades e nos riscos que sofrem uma
parcela das jovens gestantes. O segundo, embora reconheça os problemas
enfrentados com a gravidez, se concentra nos diversos fatores que levam
esse público a uma situação de gestação na voz dos adolescentes.
Desse modo, pensando no sentido de um fenômeno social, existem,
segundo a publicação, macrofatores que podem influenciar a gravidez na
adolescência, podendo ser considerados sozinhos ou conjuntamente como
causas ou motivos.
São eles:
- gravidez não planejada, causada pelo descompasso entre desejo sexual e o risco;
- gravidez desejada, como resultado da vontade de ser mãe;
- gravidez estratégica, utilizada como forma de mudança de status social;
- gravidez indesejada, resultante da violência sexual.
Sobre o perfil predominante de adolescentes entre 15 e 19 anos com
filho no país, é possível resgatar dados analisados em 2014 pelo IBGE.
São eles:
- 65% das garotas grávidas estavam no final da adolescência e início da juventude, tendo entre 18 e 19 anos de idade;
- 69% das meninas eram negras;
- 35% delas residiam na região Nordeste;
- 59% não trabalhavam nem estudavam, porém aproximadamente 92% delas cuidavam de afazeres domésticos;
- 37% das meninas estavam, enquanto estado civil, na condição de
filha na unidade domiciliar, outras 34% estavam na situação de cônjuge.
Tendo isso em mente, devemos ressaltar a importância da discussão
sobre a temática no sentido de incentivar, cada vez mais, o
aprimoramento de políticas públicas e programas que garantam os direitos
sexuais e reprodutivos de adolescentes.
A gestação adolescente não pode ser tratada de forma universalista
como um problema social, afinal, há todo um contexto social, cultural e
subjetivo das diversas adolescências brasileiras que implica em
vivências e significados diferenciados para cada gestação.
Por fim, como a publicação sugere, a coordenação dos esforços de
mobilização social, a qualificação de políticas públicas e o incentivo
aos estudos e pesquisas sobre o tema, são pontos essenciais para
garantir que adolescentes exerçam o direito de vivenciar sua sexualidade
de forma autônoma, afetiva, segura e responsável, com condições assim
de decidir, de forma consciente e acompanhada, sobre o papel da
maternidade e paternidade na vida delas.
Saiba mais sobre a publicação Gravidez na Adolescência no Brasil – Vozes de Meninas e de Especialistas clicando aqui.
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